Monopólio e Contrabando no Comércio de Tabaco Português (século XVII)

Monopoly and Contraband Trade in Tobacco PortugueseO investigador Carl Hanson, da Universidade de Wisconsin (Estados Unidos) publicou, em 1982, uma obra intitulada “Monopoly And Contraband In The Portuguese Tobacco Trade”, em português “Monopólio e Contrabando no Comércio de Tabaco Português”. Hanson analisava o período entre 1624 e 1702, chegando à conclusão que o século XVII foi um período de crescimento progressivo da importância económica do tabaco para Portugal.

No seu estudo, Hanson concluiu que a Coroa portuguesa detinha o monopólio da venda do tabaco. Ou seja, ao contrário do que acontece na atualidade, em que a venda de tabaco está entregue a várias empresas, à época era o Estado português que detinha o direito, exclusivo, de vender tabaco, tal como acontece atualmente com a água da rede pública. Hanson conclui mesmo que, por volta de 1700, essa era uma das principais fontes de receita da Coroa, se não mesmo a principal. Portanto, pode concluir-se que os lucros do tabaco foram importantes para que Portugal conseguisse derrotar a Espanha na longa guerra que se seguiu à Restauração de 1640, e que só viria a terminar em 1668.

Hanson concluiu também que, em espécie, o tabaco era uma importante moeda de troca para comprar produtos diversos, no Extremo Oriente, e escravos, na África ocidental. Por outro lado, estima-se que cerca de metade da produção nacional de tabaco (considerando aqui o Brasil como “nacional”) era desviada para o contrabando, na medida em que o comércio de tabaco por particulares era ilegal.

O investigador lembra também que a união dinástica com Espanha foi lucrativa para Portugal no início. Todavia, a crise financeira espanhola do século XVII, as derrotas militares com a Holanda no Brasil e a falta de vontade do governo de Madrid em ajudar Portugal, abriram caminho à Restauração.

O tabaco fora introduzido na Europa no século XVI, após a descoberta da América e o intensificar das relações entre os dois continentes.

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